O sol começava a entrar pelas frestas da parede de maderia da cabana, quando Eduardo abriu os olhos assutado. Teve um sonho com sua família e pela primeira vez sentiu falta de casa. No dia anterior fizeram de tudo, se divertiram muito. Até dava pra estar feliz, apesar de ter levado trẽs cuecões de Tiago que deixaram seu rego assado, pensou Eduardo.
- Acorda Tiago. Precisamos ir embora, nossos pais devem estar preocupados.
Tiago virou-se para o lado, não dando muita atenção, soltando novamente um sonoro pum, que acordou Lucas. O menino magrello então esticou os braços quase que se quebrando ao meio. Sua barriga deu um grito de fome. Levantou e caminhou vagarosamente para fora da cabana e logo viu o mestre sentado, apreciando o horizonte.
- Mestre, não te incomoda ficou só nesse lugar? - perguntou Lucas, o menino magrelo.
- Às vezes sim, às vezes não! - respondeu o mestre. Eu passei
Os discípulos passaram a manhã conhecendo o lugar, que era lindo. Visitaram o pomar e comeram até a barriga estufar querendo explodir. Depois aproveitaram o rio ao lado da cabana para nadar e se refrescar. Fez um dia lindo de sol e calor e por um momento até esqueceram que estavam perdidos em uma floresta. Aquele lugar pra eles até parecia um acampamento de férias, tantas as possibilidades de diversão. - Lugar da hora heim - disse Tiago. - Bem legal - respondeu Eduardo enquanto dava umas pequenas braçadas com seus curtos bracinhos . O magrelo Lucas, um pouco distante, parecia uma prancha de surfe e se deslocava em alta velocidade, auxiliado pelo vento. O mestre estava sentado à margem do rio, um pouco à frente e segurava uma improvisada vara de pescar. Esperava pegar um bom peixe para o primeiro almoço em companhia de alguém em muitos anos. Ter companhia era bom e ele estava muito feliz.